segunda-feira, outubro 22, 2007

Reza muito!

Bom dia peregrinos,

O Evangelho de ontem (para quem não conseguiu ouvir devido a problemas de som/concentração), foi sobre a importância de rezar muito e dos bons hábitos (o comentário que segue o Evangelho é muito elucidativo).

Depois, comentário ao Evangelho de hoje, que fala sobre a verdadeira riqueza: o AMOR, feito por Sto. Agostinho.
Fica um cheirinho:

Mas, se desejas possuir o amor, procura apenas em ti mesmo, pois é a ti mesmo que tens de encontrar.

Evangelho segundo S. Lucas 18,1-8.


Depois, disse-lhes uma parábola sobre a obrigação de orar sempre, sem desfalecer: «Em certa cidade, havia um juiz que não temia a Deus nem respeitava os homens. Naquela cidade vivia também uma viúva que ia ter com ele e lhe dizia: 'Faz-me justiça contra o meu adversário.' Durante muito tempo, o juiz recusou-se a atendê-la; mas, um dia, disse consigo: 'Embora eu não tema a Deus nem respeite os homens, contudo, já que esta viúva me incomoda, vou fazer-lhe justiça, para que me deixe de vez e não volte a importunar-me.'» E o Senhor continuou: «Reparai no que diz este juiz iníquo. E Deus não fará justiça aos seus eleitos, que a Ele clamam dia e noite, e há-de fazê-los esperar? Eu vos digo que lhes vai fazer justiça prontamente. Mas, quando o Filho do Homem voltar, encontrará a fé sobre a terra?»


Da Bíblia Sagrada



Comentário ao Evangelho do dia feito por :

S. Siluane (1866-1938), monge ortodoxo
Escritos

"Rezar sempre, sem se desencorajar"


Passei a minha vida rodeado pelo bem e pelos pecados e, ao longo do meu sexagésimo ano, reconheci a força que o hábito tem. A alma e a inteligência podem também adquirir hábitos. E o homem faz aquilo a que está habituado. Se está habituado ao pecado, será constantemente atraído pelo pecado e os demónios levá-lo-ão a isso; mas, se tem o hábito do bem, Deus assisti-lo-á com a sua graça.

Se ganhares o hábito de rezar sem cessar, de amar o teu próximo e de chorar pelo mundo inteiro durante a tua oração, a tua alma será atraída para a oração, para as lágrimas e para o amor. E, se te habituares a dar esmolas, a ser obediente, a estar aberto aos conselhos do teu confessor, agirás constantemente desse modo e encontrarás assim a paz em Deus.
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Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África) e doutor da Igreja
Sermão 32: sobre o Salmo 149

“Ser rico aos olhos de Deus”


Irmãos, examinai pois com atenção a vossa morada interior, abri os olhos e apreciai o vosso capital de amor, e depois aumentai a soma que tiverdes descoberto em vós. E guardai esse tesouro, a fim de serdes ricos interiormente. Chamam-se caros os bens que têm um preço elevado, e com razão. […] Mas que coisa há mais cara do que o amor, meus irmãos? Em vossa opinião, que preço tem ele? E como pagá-lo? O preço de uma terra, o preço do trigo, é a prata; o preço de uma pérola é o ouro; mas o preço do amor és tu mesmo. Se queres comprar um campo, uma jóia, um animal, procuras em teu redor os fundos necessários para isso. Mas, se desejas possuir o amor, procura apenas em ti mesmo, pois é a ti mesmo que tens de encontrar.

Que receias ao dar-te? Receias perder-te? Pelo contrário, é recusando-te a dar-te que te perdes. O próprio Amor exprime-se pela boca da Sabedoria e apazigua com uma palavra a desordem que em ti lançava a expressão: “Dá-te a ti mesmo!” Se alguém quisesse vender-te um terreno, dir-te-ia: “Dá-me prata”; ou, se quisesse vender-te outra coisa qualquer: “Dá-me dinheiro”. Pois escuta o que diz o Amor, pela boca da Sabedoria: “Meu filho, dá-me o teu coração” (Prov 23, 26). O teu coração sofria quando estava em ti; eras presa de futilidades, ou mesmo de más paixões. Afasta-te delas! Para onde hás-de levá-lo? A quem o hás-de oferecer? “Meu filho, dá-me o teu coração”, diz a Sabedoria. Se ele for Meu, já não te perderás. […]

“Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu entendimento” (Mt 22, 37). […] Quem te criou quer-te todo para Si.